A arte e a música e sua importância na evangelização
do Ser
A MÚSICA NA EVANGELIZAÇÃO
Graça Melo
“No seu início, o homem não tem senão
instintos; mais avançado e corrompido só tem sensações; mais instruído e
purificado, tem sentimentos; e o ponto mais delicado do sentimento é o
amor...”. (E.S.E., Cap. XI)
“O amor é o eterno fundamento da educação”. Henrique Pestalozzi
“Educação é o desenvolvimento natural,
progressivo e harmonioso de todos os poderes e faculdades do ser.” Henrique
Pestalozzi
Duas
fontes de inestimável valor – Kardec e Pestalozzi, fundadores da Pedagogia do
Amor, fundamentados no maior exemplo de amor que o mundo pôde conhecer,
Jesus...
Pestalozzi
utilizava a Pedagogia do Amor... A criança recebia a vibração intensa de seu
nobre coração - eis porque o evangelizador deve amar o que faz e passar esse
amor no olhar, no sorriso, na voz, no gesto, na dedicação à tarefa...
Jesus
adotou a Pedagogia do Exemplo... E todos ficavam impregnados não somente pelo
seu alto padrão vibratório, mas pelo poder do amor que de si emanava - daí a
necessidade de exemplificação que deve ter o evangelizador e da consciência de
que o que ele conseguir “Ser”, é isso o que passará aos evangelizandos.
Kardec,
inspirado nas lições pestalozzianas, fez uso da Pedagogia da Liberdade, da
Observação, da Análise e do Amor... – por isso a tarefa de evangelização deve
requerer esforço por parte do evangelizador no sentido de sua qualificação para
a tarefa, de imensa responsabilidade.
Sentimento...
Amor... Educação... Forças propulsoras do Espírito rumo à sua
evolução. E a música?
“O
Espiritismo prova a importância da música para a evolução do Espírito, não
somente no plano de vida terrena, mas também na vida espiritual”. (Anuário
Espírita, 1989)
Compreendemos
a música como instrumento de educação do Espírito e de sensibilização por
excelência. A música de qualidade que toca o sentimento... A música que quando
revestida de conteúdo edificante e significante... nos une a esferas
espirituais superiores, fortalecendo nossa vontade direcionada ao Bem, no
sentido de nosso auto-aprimoramento... nos eleva o padrão vibratório, os
pensamentos e os sentimentos... nos liberta de amarras, tensões e atavismos do
passado, melhorando a nossa sintonia... e nos ilumina o coração e a mente,
tornando-nos mais suscetíveis e abertos ao aprendizado de novas atitudes e
conhecimentos.
Nos
diz Walter O. Alves que “a música representa elevada interação vertical com as
esferas espirituais. Mediante essa vivência, em nível espiritual, o sentir e o
querer se harmonizam, aprimorando o sentimento e o lado moral da vida. O elemento
melódico da música, em harmonia com o ritmo, embala a própria alma, ativando os
movimentos interiores do Espírito. A arte melódica-harmônica-rítmica da música
atinge as profundezas da alma, transportando o ser espiritual para as esferas
superiores da vida, através da inspiração superior, atingindo as vibrações do
mundo espiritual elevado e nobre”.
Sabemos
que quando o Espírito reencarna, até os sete anos, ainda tem adormecidas as
suas potencialidades... Somente após esse período é que se consolida o seu
processo reencarnatório e ele começa a revelar suas tendências.
Walter
Oliveira Alves, no livro Educação do Espírito – Introdução à Pedagogia
Espírita, nos dá um alerta: “Não podemos perder de vista que a criança é o
Espírito que retorna à nova fase evolutiva e que traz seus talentos interiores
esperando pelo incentivo dos que a acolhem...” Estes talentos podem
incluir talentos artísticos, bom é refletir...
Observando
suas tendências e os princípios consagrados da educação, é que os pais
direcionam a correção das más inclinações emergentes, bem como a
potencialização de suas qualidades intrínsecas desde cedo, com o auxílio da
escola convencional - para desenvolvimento do lado social, intelectual e da
razão, mais materializado, em sintonia com o mundo de relação em que vive - e
da escola de educação moral ou de evangelização - para desenvolvimento do lado
espiritual, em suas virtudes e qualidades morais.
A
escola de evangelização tem que se valer de técnicas, processos, métodos,
ferramentas e instrumentos, que facilitem o processo de ensino-aprendizagem e
também o desabrochar das infinitas potencialidades do Espírito eterno
adormecido na criança. Nesse sentido, segundo o mesmo autor, “o valor da Arte
na Evangelização é imenso, tanto no que se refere ao conhecimento espírita,
quanto ao desenvolvimento de sentimentos superiores”, constituindo-se em
“poderoso instrumento de educação do sentimento e de educação dos impulsos da
alma, canalizando-os para o Bem e para o Belo”.
As
ferramentas têm por objetivo motivar, melhor fixar conteúdos, sensibilizar,
integrar o evangelizando consigo mesmo e com os outros, abrir o campo mental,
etc. Segundo o citado autor, “a Arte, em geral, como atividade criadora por
excelência, vem ao encontro das necessidades de movimento e ação da criança e
do jovem. Não apenas ação motora, física, mas, principalmente, os movimentos
intensos da própria alma, do ser espiritual, na expansão do sentir e do querer.
(...) A Arte é um dos mais valiosos canais de expressão... Ao evangelizador cabe
conduzir essa criatividade para os canais superiores da vida.”
A
música, nesse contexto, é uma das ferramentas facilitadoras. Não a única, nem a
principal... Para crianças pequenas, é fundamental e seu uso facilita sobremodo
a tarefa do evangelizador. Aliada a gestos e coreografias, é elemento
dinamizador das atividades.
Sabendo
que “as crianças aprendem através de atividades adequadas ao seu nível de
desenvolvimento”, pois, nos ensina Pestalozzi, que “o olho quer ver, o ouvido
ouvir, o pé quer andar e a mão agarrar! Da mesma forma o coração quer crer e
amar e o espírito quer pensar”, devemos procurar ferramentas que propiciem essa
ação do evangelizando, o que o motivará mais e mais a freqüentar as aulas de
evangelização.
Nos
diz o aludido autor que “A criança pequena não aprende por conceitos abstratos
que falam ao cérebro, mas está mais aberta ao ritmo e ao sentimento que a
música transmite. O ritmo e a harmonia da música auxiliam a sua harmonização
interior. Assim, letras simples e objetivas, em ritmo harmonioso, alcançarão o
coração infantil de forma adequada”; e que “o ritmo está presente na criança a
partir de seu próprio organismo: o compasso das batidas do coração, o ritmo
compassado do andar, o balançar dos braços, a seqüência interminável do dia e
da noite, os horários das refeições, do descanso, tudo à sua volta fala que o
Universo está envolvido em ritmo harmonioso”.
A
música também é uma forma de evangelizar, quando tem conteúdo e quando este
conteúdo traduz a mensagem da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus.
Às
vezes observa-se a adoção, nas casas espíritas, muitas vezes por falta de
opção, de músicas sem conteúdo educativo ou evangelizador e que, pelo seu ritmo
animado, agradam aos evangelizandos.
Alguns
aspectos devem ser considerados pelo evangelizador na escolha de músicas que
venham a auxiliar no desenvolvimento da tarefa:
O ritmo - a música
produz formas-pensamento nobres ou inferiores, conforme seu conteúdo e ritmo,
daí o cuidado que teve ter o evangelizador na escolha das peças musicais a
serem trabalhadas, de modo que não venham a despertar a violência ou a
sensualidade, por exemplo; o ritmo, suave ou mais movimentado, deve ser
harmonioso.
A tonalidade – adequada
à região de canto onde as crianças sintam-se mais à vontade, a música deve ser
em tons maiores, preferencialmente, por serem os mesmos mais alegres.
A origem/procedência – a
música 100% espírita traduz mensagens compatíveis com os princípios espíritas,
o que pode não ocorrer com músicas adaptadas ou de origem religiosa diversa,
que, em alguns casos, podem até entrar em contradição com a Doutrina.
O conteúdo – as letras
devem ser revestidas de linguagem simples, clara e objetiva, de modo a traduzir
com fidelidade o conteúdo pretendido, sem duplo-sentido e sem complexidade
exagerada; e devem traduzir com fidelidade o que apregoa a Doutrina.
A interpretação – as
canções devem ser cantadas com alegria; o evangelizador deve sentir o que canta
para poder passar realmente a mensagem; o uso de gestos e coreografias é muito
apreciado pelas crianças e até pelos jovens e servem para liberar energia,
integrar e animar.
Importante
é destacar que a música tem várias utilidades, independentemente de ser
ferramenta valiosa no contexto da evangelização. A nova ciência da
musicoterapia aponta inúmeras vantagens que justificam a sua adoção. Hal
Lingerman, estudioso do assunto e autor do livro “As energias curativas da
música”, aponta algumas coisas que a boa música pode fazer:
- atenuar a fadiga física e a inércia, aumentando a vitalidade física,
- acalmar a ansiedade e as tensões,
- liberar a raiva,
- elevar os sentimentos,
- penetrar em estados de espírito,
- concentrar o pensamento,
- ajudar a definir claramente metas,
- liberar a coragem e a persistência,
- aprofundar os relacionamentos e enriquecer amizades,
- fortalecer a caráter e o comportamento construtivo,
- expandir a consciência de Deus,
- estimular a criatividade e a sensibilidade.
Deixa que teu coração voe, além do horizonte, nas
asas da música sublime que verte do Céu a Terra, a fim de conduzir-te da Terra
ao Céu... Ouve-lhe os poemas de eterna beleza, em cuja exaltação da harmonia
tudo é gloriosa ascensão.
Nesse arrebatamento às Esferas do Sem Fim, o
silêncio será criação excelsa em tua alma, a lágrima ser-te-á soberana alegria
e a dor será teu cântico. Escuta e segue a flama do pensamento que transpõe a
rota dos mundos, associando tuas preces de jubilosa esperança às cintilações
das estrelas!...
Não te detenhas. Cede à cariciosa influência da
melodia que te impele à distância da sombra, para que a luz te purifique, pois
a música que te eleva a emoção e te descerra a grandeza da vida significa,
entre os homens, a mensagem permanente de Deus.
F.C Xavier/Emmanuel, em Trilha de Luz8
Fonte: www.cvdee.org.br
- Material extraído da Coletânea de textos e artigos para estudos,
organizado por Graça Melo.
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